sábado, 20 de maio de 2017

Congresso da propina e o sucessor de Temer

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Temer ainda não caiu, está em coma, mas como seu colapso político é irreversível, o “Congresso da propina” começa a preparar-se para eleger, por via indireta, um sucessor “biônico”, ou seja, sem voto, como se dizia na ditadura. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, determinou estudos jurídicos e legislativos para a realização do pleito, que ele conduzirá na condição de presidente interino, após o afastamento de Temer. Se isso acontecer no início de junho, este “Colégio Eleitoral” redivivo consumará a escolha em agosto.

Por superstição, eu não gosto, como muitos brasileiros, de nada que acontece em agosto, especialmente na política. Seja quando for, este plano de driblar o eleitorado só não será imposto se as forças populares e democráticas forem capazes de produzir uma grande mobilização em defesa das eleições diretas imediatas. O “indireto”, seja ele quem for, continuará sofrendo do mal da ilegitimidade e submetendo o país à instabilidade política, com seus reflexos sociais e econômicos. O Brasil não reconheceria um presidente eleito pelo “Congresso da propina”. Este epíteto não é um xingamento nem constitui injúria. É uma caracterização assentada na triste realidade que nos vem sendo revelada.

Golpe dentro do golpe uniu Globo, MP e bancos

Por Renato Rovai, em seu blog:

Michel Temer não presta. E pelo que representa e comanda não poderia ser candidato a vice presidente de Dilma Rousseff. Este foi o erro original que o levou até onde está. E a investigação em curso sobre a sua conversa com Joesley Batista precisa chegar ao fim. Ou seja, ao seu impeachment.

Dito isto, talvez esteja na hora de tentar entender tudo que vem acontecendo no Brasil nos últimos dias para além dos áudios e vazamentos.

Michel Temer parece estar sofrendo um golpe dentro do golpe organizado pela Globo, Ministério Público e setores do sistema financeiro. Um movimento do qual também fariam parte membros do seu governo. Em especial, a peça chave da equipe econômica, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

Madureira, Huck e a síndrome do canalha

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Não sei quem é o autor da frase “o Brasil é uma concessão da Globo” (Clarice Lispector? Clara Nunes?), mas o gênio merecia sair do anonimato para ganhar um Motorola.

O editorial em que o jornal dos Marinhos defende a renúncia de Temer é um primor de desfaçatez e hipocrisia.

Os diálogos entre Michel e Joesley Batista, dono da JBS, “falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar.”

Depois: “Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil.”

Moro sumiu da mídia sem deixar vestígios

Por Bajonas Teixeira, no blog Cafezinho:

Muita gente deve estar fazendo a mesma pergunta: Cadê Sérgio Moro? O juiz, herói nacional, orgulho do Brasil, sério candidato a “gênio da raça”, sumiu de repente. Até anteontem, todos os dias ele estava na mídia, às vezes em vídeos extraindo confissões com seu boticão judicial, ou em áudio, conduzindo depoimentos com mão de ferro, como o de Lula. Às vezes, fazendo declarações através de notas. E também em conferências, em fóruns internacionais, dando palestras. Abruptamente, e isso já há quase 72 horas, Moro sumiu da mídia. Seu silêncio é um daqueles que, como diria Marx, oprime o cérebro dos vivos. Zumbe como pernilongos num enxame de interrogações em torno da cabeça do brasileiro. Por que o herói se calou?

A crise política e o enigma da Globo

Por João Feres Júnior, na revista CartaCapital:

Não sei o que é mais ridículo nessa crise turbinada na qual o país embarcou com as delações da JBS, o tom de indignação dos âncoras e comentaristas da grande mídia perante o deslindamento dos esquemas de corrupção envolvendo Michel Temer, Aécio Neves et caterva (nunca essa expressão latina foi tão bem empregada), ou a reação de incredulidade e desilusão de boa parte da classe média perante o noticiário. No caso dos lacaios da grande mídia, o ridículo reside na farsa descarada de seu comportamento. Já a classe média passa pelo ridículo daqueles que dão sinais da estupidez em público sem se darem conta disso.

Os zumbis da política e as eleições diretas



Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 0 – a lógica do caos

O ponto de partida é entender a lógica do caos. Não há um comando estabelecido, nem um script pré-definido. Existem atores mais ou menos relevantes, respondendo a impulsos, sem que ninguém tenha controle sobre a resultante final.

Os protagonistas principais vão se adaptando as circunstâncias, de maneira a preservar seus interesses, saltando de uma onda para outra, pulando obstáculos de maneira a não perder a liderança.

Desse modo, fatos novos que mudam a atitude de um dos personagens, imediatamente obrigam a um rearranjo dos demais atores.


Pelo fim da aventura golpista!

Por Renato Rabelo, em seu blog:

Uma conjunção de forças dominantes em nosso país tramou e consumou o golpe de Estado em 2016 na ânsia e no ímpeto de capturar o poder central e implantar uma ordem conservadora e retrógrada divorciada da soberania popular, de costas à voz das urnas. No grito, juntou para fazer parte da ação decisiva no processo de impeachment gente inescrupulosa e comprometida com os baixios da política. Foi preciso fraudar provas para “justificar” o impedimento da presidenta recém-eleita. O assalto ao poder foi conduzido por um caminho marcado pela aventura. Por isso, as contradições inevitavelmente produzidas pela trama em curso desnudariam - mais dia menos dia –os reais propósitos da causa de exceção.


'Diretas, já!' ou 'Diretas, nunca!'

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

O noticiário contraditório que oscila entre o descarte de Temer e a sua manutenção - como um vigia bebado do precipício ao qual o país foi reduzido pela irresponsabilidade golpista das suas elites - evidencia a saturação das ferramentas conservadoras.

Mas não deve iludir: a elite golpista sabe onde quer chegar, embora deixe transparecer a saturação dos meios à sua disposição.

Se preciso, pode até levar ao sacrifício algumas peças para afiar a guilhotina desgastada e decepar os direitos políticos de Lula; colocar Meirelles ou Gilmar no comando do Estado e concluir as reformas que revogam o escopo de direito sociais e trabalhistas da Carta de 1988.

Onyx Lorenzoni admite Caixa 2 com JBS

Do site Sul-21:

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM), que é apontado nos documentos de delação do grupo JBS por ter recebido R$ 200 mil em espécie, sem ter declarado o valor à Justiça Eleitoral, deu entrevistas no final da tarde desta sexta-feira (19), admitindo o Caixa 2.

“O que acontece nesses processos. Nós perguntamos, nós pedimos. ‘Olha, a legislação permitia apoio de empresas’. Então, a gente fala tanto com as empresas, como fala com as entidades que representam as empresas. ‘Preciso de ajuda’. Não havia como declarar, esse foi meu erro”, disse ele em entrevista à Rádio Gaúcha. A reportagem do Sul21 tentou entrar em contato com Lorenzoni durante toda a tarde de sexta-feira, mas não obteve retorno do deputado.

O que explica o desespero da Globo?

Por Rodrigo Vianna, em seu blog:

O editorial de O Globo hoje, pedindo a renúncia de Temer, é demonstração de fraqueza e desespero.

A Globo nunca precisou manifestar por escrito suas posições para mover os cordões do poder. Dessa vez, deixou o roteiro – por escrito!

Desde ontem, estava claro que família Marinho, alinhada ao Partido da Justiça, deseja a rápida substituição de Temer por um governo “técnico” – que conclua as “reformas” e dê sustentação para a Lava-Jato concluir sua tarefa principal: impedir Lula de ser candidato.

Meirelles, candidato da desfaçatez

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Como num lance de mágica, o nome de Henrique Meirelles já circula como possível candidato a uma eventual vaga na presidência da República caso Michel Temer seja despejado do Planalto. Está na Folha de hoje. Também foi lançado como balão de ensaio por David Fleischer, um professor da Universidade de Brasília que costuma ser ouvido com frequência para fazer profecias sobre as periódicas crises brasileiras.

Quando se fala - em tom de grande sabedoria - que é possível dispensar a equipe política que tomou posse do governo após o golpe, mas que é preciso preservar a equipe econômica, o sujeito oculto da frase é Meirelles. O que se quer dizer é que o governo pode ser ruim mas a economia vai bem.