sexta-feira, 28 de abril de 2017

A "operação-mídia" contra a greve

Por Igor Felippe Santos

As “informações de bastidores” divulgadas na grande mídia sobre as avaliações do Palácio do Planalto em relação à greve geral dão o tom de como o governo vai tratar a maior paralisação das últimas décadas no país.

O que os chamados “jornalistas influentes”, que na verdade são porta-vozes oficiais, dizem é que o governo avaliava que a mobilização seria muito maior e que não existiu uma greve geral.

A cobertura da mídia tenta transformar a paralisação das atividades nas grandes cidades em atos isolados de uma minoria, de caráter político, de constrangimento e imposição do medo à maioria da população.

A cobertura abusa de imagens de helicópteros de pequenos grupos em piquetes e trancamentos de ruas, avenidas e rodovias.

Assim, as TVs tentam convencer seus públicos que a mobilização não passa de ações isoladas, escondendo que o sistema de transporte público (ônibus, metrô, trens), bancos, escolas, fábricas, centros comerciais, serviços públicos (como os Correios) não funcionaram e que os trabalhadores ficaram em casa.

Ao focar nas ações auxiliares da paralisação (os piquetes, trancamentos de vias e atos de rua), secundarizam a força, extensão e caráter de massa da Greve Geral, que transformou uma sexta-feira qualquer de trabalho em feriado em todo o Brasil.

A mídia, especialmente as TVs, atua como instrumento auxiliar do governo e cria uma válvula de escape para Temer, que fará pronunciamento para diminuir a amplitude da greve e dizer que a manifestação não envolveu a maioria da sociedade.

A ação sofisticada da mídia mais a contumaz cara de pau dos golpistas serão utilizadas para que não admitam que a Greve Geral teve um impacto de massa, que todos os brasileiros sentiram os seus efeitos e que a maioria apoia as manifestações contra as reformas da Previdência e Trabalhista do governo Temer.

O problema é que a experiência vivida por milhões de brasileiros neste 28 de abril vale mais que manchetes e minutos no Jornal Nacional, que não terão êxito nessa cruzada para esconder que a Greve Geral foi um sucesso e que as pessoas comuns se colocam em movimento contra a retirada de direitos.

2 comentários:

Alexandre Figueiredo disse...

As manifestações populares não cabem nestes editoriais da grande mídia sempre fechados para o povo.

Unknown disse...

E senti representado. O último parágrafo me traduziu. Excelente texto!