domingo, 19 de fevereiro de 2017

A direita tucana x 'bolsomitos'

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Vi os posts e comentários sobre a briga entre Reinaldo Azevedo e Joyce Hasselman, que até pouco tempo serviam na mesma bateria de obuses da Veja que dava cobertura à ofensiva pelo impeachment.

Aos maiores de idade, apreciadores de “barraco” e resistentes de estômago, a longa, grosseira e injuriosa fala de Reinaldo Azevedo pode ser vista aqui. Talvez pela minha idade, tenho limites ao me referir a uma pessoa asquerosa como a ex-musa do impeachment, destronada na reta final por Janaína Paschoal.

A baixaria é inenarrável.

O que interessa no episódio é que desenha, para quem não entendeu ainda, que a direita caminha para a extrema direita e os tucanos ficam lamentando o monstro que eles próprios criaram.

O crescimento de Lula e a ascensão de Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais mostra o buraco em que se meterem. Como registra o insuspeito Elio Gaspari em sua coluna de hoje, “apesar da exposição que seus cargos lhes dá, Michel Temer, Aécio Neves e Geraldo Alckmin estão derretendo”.

O PSDB amarrou-se ao golpe e, no golpe, amarrou-se a Temer, de tal forma que – pinguelas á parte – é difícil deixar de dizer que é ele quem está no Governo, não o PMDB, cuja presença essencial está no “Grupo dos Quatro” –MT, Primo, Angorá e o exilado e complicado Babel-Geddel. Nos estados importantes onde lhes restavam forças próprias – Rio e Rio Grande do Sul, essencialmente – o que lhes resta são escombros empestiados.

A adesão sem limites, que um dia Mário Covas impediu que fizessem a Fernando Collor, desta vez consumou-se.

A resposta às sandices da direita precisa, necessariamente, da primeira diferenciação que ela enseja: a racionalidade.

Entre os que soltaram os cães policiais-judiciais sobre Lula tentam, desesperadamente, fazer a matilha retornar ao canil. Alguns, inclusive, oferecendo a toga para cobrir Temer da serpente Cunha, que fica enrodilhada e desfere seus botes de advertência de que seu veneno é mortal.

Nosso campo não é o da ofensa, da grosseria, da exclusão por diferenças secundárias.

É o de por fim à este processo suicida em que se lançou o Brasil, o caminho da crise, da recessão, do desemprego, do empobrecimento, a rota da defesa dos direitos sociais e o rumo da retomada das esperanças nacionais.

O que vem pelas ruas, no pós-carnaval será o festival do ódio. Quem o pariu que com ele lide: os conspiradores, os cúmplices, os omissos que se vejam diante de seus monstros antes de estimação.

Como Reinaldo Azevedo diante de Joyce.

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