segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Doria quer privatizar bibliotecas públicas

Da revista Fórum:

A cidade de São Paulo possui uma rede composta por 107 bibliotecas públicas – entre temáticas, de bairro, centrais, ônibus biblioteca e bosque de leitura. Trata-se do maior sistema de bibliotecas públicas da América Latina, recebendo cerca de 4 milhões de consultas por ano. Todo esse sistema pode, em breve, deixar de ser público e de ser administrado pelo poder municipal. O secretário municipal de Cultura da gestão João Doria, André Sturm, anunciou na semana passada que passará o controle de ao menos 52 bibliotecas, além do Centro Cultural São Paulo (CCSP), para as mãos de Organizações Sociais (OS).

“Para poder contratar artistas tem que fazer uma série de procedimentos. É muito complexo a Cultura ligada na administração direta”, disse o secretário em entrevista coletiva.

Bibliotecários e outros profissionais ligados à área reagiram e já marcaram uma mobilização contra a entrega das bibliotecas às empresas. Pelo Facebook, foi marcado o “Abraçaço no CCSP contra a privatização das bibliotecas”, para o próximo dia 25, que já conta com mais de 1200 pessoas confirmadas.

Ainda que as Organizações Sociais não possam visar o lucro em suas administrações, os profissionais alertam para o risco de precarização do sistema como um todo, além do risco de interferência na independência cultural dos equipamentos.

“Com a privatização, as Organizações Sociais seriam responsáveis pela gestão do sistema resultando em precarização das condições de trabalho, bem como dos serviços oferecidos e ameaçando a qualidade e a independência da proposta cultural”, afirmam no texto de descrição do evento na rede social.

Confira abaixo a convocatória para o ato.

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Mobilização: 12h
Início: 13h – Abraçaço simbólico contra a privatização do Centro Cultural São Paulo e mais 52 bibliotecas públicas. Por uma cultura pública!!!

Querem privatizar o maior sistema de bibliotecas públicas da América Latina

Nós, bibliotecários, lutamos há muitos anos para melhorar os serviços oferecidos nas bibliotecas. Para que seja um espaço agradável, acolhedor, de acesso à informação, com mediação de qualidade, que inclua crianças, idosos, pessoas com deficiência, e que seja aberto à sociedade, aos coletivos culturais periféricos e a todos que se interessem.

Mesmo com todos os percalços, como falta de estrutura adequada e de pessoal, conseguimos importantes conquistas como a criação do inédito Plano Municipal do livro, leitura, literatura e biblioteca da cidade de São Paulo, em 2015, que visa nortear as ações bibliotecárias, educacionais e do mercado do livro.

Todo esse esforço e toda a gestão cultural pública construída está ameaçada pela proposta de privatização do sistema pelo senhor secretário de governo, André Sturm sob a gestão neoliberal do prefeito João Dória.

Nosso sistema é composto por 107 bibliotecas, sendo que 52 bibliotecas públicas de bairro e o Centro Cultural São Paulo, que conta com uma biblioteca referência em braile, uma discoteca, uma hemeroteca, além de uma biblioteca central, estão ameaçados pela privatização.

Somente de janeiro à junho de 2016 o sistema atendeu 518.496 pessoas, foram feitos 316.731 empréstimos num acervo de 2.473.823 materiais. Nos últimos anos as bibliotecas se fortaleceram com as inaugurações da biblioteca de direitos humanos em Cidade Tiradentes e a biblioteca feminista em Guaianazes, com a reforma de bibliotecas temáticas e com a criação do Fórum de trocas de experiências de ações culturais e de mediação de leitura em bibliotecas.

Com a privatização, as Organizações Sociais seriam responsáveis pela gestão do sistema resultando em precarização das condições de trabalho, bem como dos serviços oferecidos e ameaçando a qualidade e a independência da proposta cultural.

Precisamos sim de novos profissionais concursados, de mais editais de apoio à cultura, de formação continuada para os profissionais que já trabalham no setor. Mas a CULTURA é, e precisa continuar sendo PÚBLICA em constante diálogo governo-sociedade civil.

Contra a privatização!! Por uma cultura PÚBLICA!!!

1 comentários:

Anônimo disse...

O filme "Arquitetura da Destruição" constata a obsessão dos nazistas pela limpeza, tanto que criaram um slogan ou órgão que falava de "Beleza do Trabalho". Um prefeito, recém-eleito, ao se fantasiar de gari, reaviva o ideal nazi.